quarta-feira, 8 de julho de 2009

PLENITUDE



PLENITUDE
Vai alto o dia. O sol a pino ofusca e vibra. O ar é como de forja. A força nova e pura Da vida embriaga e exalta. E eu sinto. fibra a fibra, Avassalar-me o ser a vontade da cura. A energia vital que no ventre profundo Da Terra estuante ofega e penetra as raízes, Sobe no caule, faz todo galho fecundo E estala na amplidão das ramadas felizes, Entra-me como um vinho acre pelas narinas... Arde-me na garganta... E nas artérias sinto O bálsamo aromado e quente das resinas Que vem na exalação de cada terebinto. O furor de criação dionisíaco estua No fundo das rechãs, no flanco das montanhas, E eu absorvo-o nos sons, na glória da luz crua E ouço-o ardente bater dentro em minhas entranhas Tenho êxtase de santo... Ânsias para a virtude... Canta em minhalma absorta um mundo de harmonias. Vêm-me audácias de herói... Sonho o que jamais pude - Belo como Davi, forte como Golias... E neste curto instante em que todo me exalto De tudo o que não sou, gozo tudo o que invejo, E nunca o sonho humano assim subiu tão alto Nem flamejou mais bela a chama do desejo. E tudo isso me vem de vós, Mãe Natureza! Vós que cicatrizais minha velha ferida... Vós que me dais o grande exemplo de beleza E me dais o divino apetite da vida!

Sem comentários: